Masp Escola Oferece Seis Cursos De Estudos Críticos Em Outubro

MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, em outubro de 2023, seis cursos online de Estudos críticos, organizados pelo MASP Escola. São eles: Carnaval, Samba e Escolas de Samba: memória, história, diálogos artísticos, com Leonardo Bora, de 9 a 24 de outubro; Arte contemporânea paraense: leituras e escrituras híbridas, com Mateus Nunes, de 9 de outubro a 1 de novembro; 

Diversidade nas artes dissidentes: estético-políticas, ecofeminismos e ecologias queer/cuir, com Guilherme Altmayer, de 17 de outubro a 14 de novembro; Mulheres artistas no acervo do MASP, com Juliana Ferrari Guide, de 19 de outubro a 30 de novembro; 

Arte e Raízes Afro-indígenas, com Alecsandra Matias de Oliveira, de 20 de outubro a 24 de novembro e Modernismos negros no Brasil, com Bruno Pinheiro, de 24 de outubro a 21 de novembro.

Com formato intensivo, o módulo de Estudos críticos tem como objetivo ser um espaço de debate sobre as intersecções entre a arte e as questões políticas e sociais de peso na atualidade. As aulas também transitam pelos assuntos propostos pelos ciclos temáticos que pautam o programa de exposições do museu a cada ano.

O curso Carnaval, Samba e Escolas de Samba: memória, história, diálogos artísticos sugere uma visão abrangente da história do carnaval brasileiro, destacando o papel desempenhado pelas escolas de samba, no contexto de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo enquanto associações de matrizes negro-populares que muito contribuíram para o debate público que emergiu no amplo contexto do pós-abolição, aparecendo, conforme o lecionado por pesquisadores como o antropólogo Vinícius Natal, como representantes de um pensamento moderno não-abarcado pela visão monumental de 1922.

O curso Arte contemporânea paraense: leituras e escrituras híbridas apresenta e levanta a discussão sobre o panorama atual da arte contemporânea produzida no estado do Pará, através da análise de suas imagens, poéticas e narrativas a partir de mecanismos de leituras e escrituras híbridas. Serão debatidas obras de mais de 50 artistas e coletivos paraenses em múltiplas plataformas, de pintura e fotografia a performance e cinema.

As aulas contam com conferências de quatro artistas, críticas, ativistas e curadoras convidadas: Nay Jinknss, Rafael Bqueer, Lorenna Montenegro e Moara Tupinambá. O curso visa aprofundar questões sobre a diversidade de um ramo da arte contemporânea brasileira pouco explorado, que ainda luta contra estigmas de invisibilidade periférica na arte brasileira e a reducionismos regionalistas.

As aulas de Diversidade nas artes dissidentes: estético-políticas, ecofeminismos e ecologias queer/cuir propõem contextualizar, desde uma abordagem teórico-histórica no âmbito das artes e a partir do século 20, práticas estético-políticas dissidentes de sexo e gênero que configuram estratégias de resistência.

Ao investigar ecologias queer/cuir e ecofeminismos, serão examinadas as possibilidades de construção de cartografias contranormativas na historiografia contemporânea das artes visuais brasileiras, com foco em experimentações metodológicas que apresentam formas inovadoras de habitar, e observar o planeta, a partir da diferença.

Em convergência com os esforços realizados pelo MASP em nome da diversidade de seu acervo nos últimos anos, o curso Mulheres artistas no acervo do MASP visa apresentar de forma didática o complexo e variado panorama formado pela produção de artistas mulheres presentes no seu acervo. Em conjunto com o encadeamento cronológico, serão discutidas também as principais linhas de discussão relacionadas à produção, recepção e estudo das artistas do acervo.

Por intermédio de análise de obras, textos e documentários, o curso Arte e Raízes Afro-indígenas tem como objetivo proporcionar a reflexão sobre os contextos históricos e sociais relacionados à produção artística brasileira, a partir da representação da memória e da cultura afro-indígena. Pretende introduzir conceitos estéticos e históricos ligados à arte afro-brasileira e indígena, refletir sobre a arte moderna e contemporânea brasileira a partir do viés decolonial e da memória dos povos originários e africanos, assim como discutir os fatores históricos e sociais presentes na arte atual.

Modernismos negros no Brasil tem como ponto de partida a produção de pintores e escultores modernistas negros atuantes no Brasil entre as duas últimas décadas do século 19 e o golpe militar de 1964. A cada aula, serão tratadas as trajetórias profissionais desses artistas junto às instituições de arte e de sua atuação política diante do turbilhão de transformações sociais de seu tempo. O curso busca entender em que medida as trajetórias desses sujeitos se integraram, ainda que de forma periférica, ao sistema de arte em diferentes regiões do Brasil.

Todos os cursos do MASP Escola oferecem bolsas de estudo e descontos para professores da rede pública em qualquer nível de ensino mediante processo seletivo após inscrição, além de 15% de desconto para AMIGO MASP. As aulas dos cursos online serão ministradas por meio de uma plataforma de ensino ao vivo. O link será compartilhado com os participantes após a inscrição. Estes cursos serão gravados e cada aula ficará disponível aos alunos durante cinco dias após a realização da mesma. Os certificados de todos os cursos serão emitidos para aqueles que completarem 75% de presença.

Confira a programação completa:

Carnaval, Samba e Escolas de Samba: memória, história, diálogos artísticos

Com Leonardo Bora

4 — 24.10.2023 | Segundas e terças, 19h às 21h

Online (6 aulas)

Como compreender hoje a “memória” do carnaval brasileiro? Que narrativas e discursos estão em disputa por debaixo do colorido de um desfile de escola de samba? De que maneiras é possível ler, interpretar, traduzir e desdobrar a multiplicidade de linguagens artísticas e vozes discursivas que se entretecem no interior de uma agremiação sambista? Eis apenas três entre incontáveis perguntas que, embebidas das urgências da contemporaneidade, nos fazem pensar nos papéis das escolas de samba enquanto entidades produtoras e difusoras de fazeres artísticos, pedagogias, epistemes, técnicas, políticas e poéticas. O curso, ao se debruçar sobre tal universo, propõe uma mirada panorâmica acerca dessas e outras fricções.

No decorrer das aulas, serão apresentados exemplos e realizados estudos de caso, com o fim didático de expandir as reflexões em uma perspectiva teórico-prática, utilizando-se, para tal, de farto material imagético. Objetiva-se, ao final, que os participantes do curso visualizem a complexidade artística e o potencial discursivo (inclusive didático-pedagógico) do samba das escolas de samba, conhecendo, ainda que parcialmente, o vocabulário específico das agremiações, suas tensões e contradições.

Investimento:

Arte contemporânea paraense: leituras e escrituras híbridas

Com Mateus Nunes

9.10 — 1.11.2023 | Segundas e quartas, 19h às 21h

Online (8 aulas)

O objetivo do curso é apresentar imagens e narrativas na arte contemporânea paraense, incorporando-as à imensa diversidade das histórias brasileiras. Com um recorte temporal que privilegia artistas atuantes, com produção de 1980 ao presente, serão debatidas obras e seus artistas em múltiplas plataformas artísticas, como pintura, fotografia, desenho, grafite, performance, cinema e intervenção. O Pará é fruto de hibridismos culturais únicos, desde as sólidas tradições indígenas, a invasão europeia, a presença negra e asiática, o impulso de modernidade pelo ciclo da borracha, o posterior declínio econômico e a sua atual reinvenção.

Dessa forma, o que faz com que a produção paraense, ao mesmo tempo, se diferencie e se integre ao cenário brasileiro? O curso busca abordar esta questão, discutindo sobre os hibridismos culturais que constituem a sociedade paraense e que são materializados nesta produção artística, rompendo com estereótipos de exotismo e preconceitos regionalistas. As aulas pretendem observar, com um olhar atento e transdisciplinar, temas como a constituição de uma estética híbrida, narrativas nativas, relações do indivíduo com a paisagem, resistência e ativismo, e questionamentos sobre invisibilidade regional.

Investimento:

Diversidade nas artes dissidentes: estético-políticas, ecofeminismos e ecologias queer/cuir

Com Guilherme Altmayer

17.10 — 14.11.2023 | Terças, 19h às 21h

Online (5 aulas)

Pretende-se reunir um conjunto de estratégias de autorrepresentação, e autopreservação, visando expandir o acesso aos arquivos abertos destes movimentos, e coletivos, cujas práticas de coexistência são vivenciadas como parte constitutiva do fim do mundo de hoje. Experimentando um arco temporal que transpassa períodos distintos, constelando proposições emergentes de múltiplos contextos, tais como Madame Satã ou os levantes transfeministas dos anos 2010, serão explorados os modos como, desde a modernidade das sociedades ocidentais, a diversidade é cerceada pela imposição de separações binárias; como as dicotomias homem versus mulher, ou humanidade versus natureza.

Frente ao complexo panorama atual — no qual promulgam-se jurisprudências em favor de rios como agentes naturais de direito público (exemplo equatoriano de desdobramentos atuais no cenário latino-americano, onde nasce a teoria do Bem Viver), ao mesmo tempo em que avançam legislações que põem em riscos territorialidades originárias no Brasil — busca-se reunir saberes situados, com foco na inter-relação entre políticas e estéticas.

Investimento:

Mulheres artistas no acervo do MASP

Com Juliana Ferrari Guide

19.10 — 30.11.2023 | Quintas, 19h às 21h

Online (6 aulas)

Nos últimos 50 anos, o interesse, a visibilidade e o debate a respeito da produção das mulheres nas artes tem crescido e ganhado corpo de forma contundente. São marcos importantes do compromisso do MASP com essa expansão as exposições Guerrilla Girls (2017) e História das mulheres, histórias feministas (2019), bem como os esforços de diversificação do acervo através de múltiplas ações, como por exemplo a aquisição de obras de artistas mulheres.

O curso visa apresentar de forma didática o complexo e variado panorama formado pela produção de artistas mulheres presentes no rico acervo do museu. Em conjunto com o encadeamento cronológico, serão apontadas também as principais linhas de discussão relacionadas à produção, recepção e estudo de algumas artistas do acervo: de Leonor Lencastre, no século 18, à recente produção de artistas como Rosana Paulino, Sallisa Rosa, Carolina Caycedo, entre outras.

Investimento:

Arte e Raízes Afro-indígenas

Com Alecsandra Matias de Oliveira

20.10 — 24.11.2023 | Sextas, 19h às 21h

Online (6 aulas)

O curso pretende discutir aspectos históricos da arte brasileira por intermédio de sua vertente afro-indígena, por intermédio da representação do negro e do indígena nas imagens e abordagens relacionadas à arte moderna até a contemporânea. E, assim, compreender o ponto de clivagem dado pela produção atual que abandona a representação desses povos para torná-los protagonistas de sua história e produtores de arte contemporânea.

Investimento:

Modernismos negros no Brasil

Com Bruno Pinheiro

24.10 — 21.11.2023 | Terças, 19h às 21h

Online (5 aulas)

Ao longo dos encontros, iremos analisar a produção e de pintores e escultures modernistas negros e negras em diferentes regiões do Brasil. Trataremos a cada aula da circulação desses sujeitos entre instituições de arte, buscando identificar nesses espaços a reprodução de hierarquias raciais correntes na sociedade brasileira e de conhecimentos emancipatórios gestados em comunidades negras.

Desse modo, discutiremos a produção de pintores negros abolicionistas ainda no século 19; a atuação de artistas que negociaram sua profissionalização no Rio de Janeiro durante o Estado Novo; as formas como pintores e escultores negros garantiram sua participação em exposições em Salvador no período democrático entre 1947 e 1964; além das estratégias criadas por mulheres negras para escapar das barreiras produzidas pelas dinâmicas excludentes de raça e gênero que se tornaram obstáculos para sua arte. Ao final, realizaremos uma atividade presencial no acervo no MASP, em que serão realizadas análises coletivas de obras dos artistas tratados ao longo do curso.

Investimento:

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