Romantismo: as 3 gerações da escola literária no Brasil

O Romantismo no Brasil é um importante movimento artístico e literário do século XIX, com representantes brasileiros da prosa e da poesia, é dividido em três gerações: indianismo, ultrarromantismo e geração social. Essa escola literária é considerado um dos principais marcos da literatura brasileira.

Contexto histórico do Romantismo no Brasil

Tendo como marco inicial a publicação da obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, publicado em 1836, essa escola literária possuí como marco histórico a chegada da Família Real em 1808 e a reclassificação do território nacional, deixando de ser uma mera colônia de exploração e passando a ser Reino Unido a Portugal. Esse momento é um importante marco na História do Brasil, e por isso acompanha grandes obras.

Com a chegada da Família Real ao Brasil, uma série de modernizações foram instaladas no país, tais quais a criação da imprensa brasileira, construção do Museu Nacional, fundação do Banco do Brasil, decreto de abertura dos portos às nações amigas e a criação do Ministério da Marinha, das Relações Exteriores e do Tesouro Nacional, assim como a fundação da Casa de Suplicação do Brasil (atual Supremo Tribunal da Justiça).

Principais características do Romantismo no Brasil

Esse movimento literário é representado pela ascensão da  burguesia do século XVIII e XIX, sendo assim, os ideais dessa burguesia são explícitos nas obras podendo variar em cada uma das fases da escola:

• Egocentrismo (culto ao “eu”; o indivíduo como centro da existência);
• Nacionalismo exacerbado;
• Exaltação da natureza enquanto cúmplice do sujeito;
• Idealização do herói, do amor e da mulher;
• Fuga da realidade por meio da morte, do sonho, da loucura ou da arte.

Poesia e prosa também tiveram características particulares dentro do Romantismo, caracterizados principalmente pela rima sem métricas além da visão teocêntrica, idealização do amor e o culto à natureza.

Prosa romântica

A prosa é um modelo textual escrito em parágrafos, que tinha como principal característica narrar os acontecimentos do cotidiano brasileiro e carrega grande caráter descritivo. Os escritores românticos tomaram o compromisso de criar uma literatura com traços típicos da cultura brasileira.

O Romantismo no Brasil coincide com a criação da imprensa brasileira. Isso tornou a produção literária mais barata e, consequentemente, mais viável. Uma das principais formas de publicação utilizadas na época era o folhetim, uma técnica de escrita e divulgação de textos literário por meio dos jornais e em partes, a cada edição do jornal, havia a publicação de um capítulo da obra.

O principal prosador do romantismo brasileiro foi José de Alencar, responsável por grandes obras como Iracema, O Guarani, Senhora e Til.

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado

Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

Iracema, José de Alencar.

A prosa do romantismo se subdivide em: indianista, regional e urbana. 

Prosa Indianista

Destacavam o choque entre as culturas: entre o índio e o homem branco.

As principais obras de prosa indianistas foram escritas pelo principal autor José de Alencar.

Prosa Regional

Buscava a valorização de aspectos étnicos, linguísticos, sociais e culturais sobre várias regiões do país.

As principais regiões abordadas eram a capital do Rio de Janeiro e as regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste. As obras costumavam retratar personagens de diferentes regiões a fim de ressaltar os contrastes entre o meio urbano e o meio rural. 

Entre as principais obras, podemos destacar “Inocência” e “Retirada da Laguna” de Visconde de Tauany; “O gaúcho”, de José de Alencar e “O Cabeleira”, de Franklin Távora.

Prosa Urbana

Retratava sobre a vida cotidiana, pondo em discussão os valores morais vividos na época.

Entre as obras, podemos destacar: “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, “Memórias de um sargento de milícias”; de Manuel Antonio de Almeida e “Lucíola” e “Senhora”, de José de Alencar.

Gerações do Romantismo no Brasil

Primeira Geração do Romanistmo: Indianistas

Os autores dessa geração foram os mais nacionalistas dessa escola literária, seu principal autor foi Gonçalves Dias. Como principais características podemos ressaltar a exaltação da natureza nacional e a construção do índio como herói brasileiro.

Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo

Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

I-Juca Pirama, Gonçalves Dias

Segunda Geração do Romantismo: Ultrarromânticos

Também ficou conhecida como byroniana ou spleen, é marcada pelo sentimentalismo, pessimismo e fuga da realidade — bastante caracterizado também pela morte ou desejo de morrer, sonhos, loucura e arte. Os principais representantes dessa geração foram Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.

Eu deixo a vida como quem deixa o tédio

Do deserto, o poento caminheiro,

— Como as horas de um longo pesadelo

Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Lembrança de Morrer, Álvares de Azevedo

Terceira Geração do Romantismo: Condoreiros 

Também chamada também de social ou hugoana, essa geração é marcada por denuncias sociais. O principal escritor dessa vertente do romantismo no Brasil, foi Castro Alves.

Ontem a Serra Leoa,

A guerra, a caça ao leão,

O sono dormido à toa

Sob as tendas d’amplidão!

Hoje… o porão negro, fundo,

Infecto, apertado, imundo,

Tendo a peste por jaguar…

E o sono sempre cortado

Pelo arranco de um finado,

E o baque de um corpo ao mar…

Ontem plena liberdade,

A vontade por poder…

Hoje… cúm’lo de maldade,

Nem são livres p’ra morrer…

 Navio Negreiro, Castro Alves.

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