Quinhentismo: Contexto Histórico, Características e Principais Obras

Quando falamos sobre a literatura no Brasil, vem a mente grandes autores como Machado de Assis ou Lima Barreto, mas realmente pouco pensamos nas origens da literatura brasileira quando estudamos Literatura ou História na escola. É possível que você já tenha ouvido falar no Quinhentismo, mas você sabe exatamente do que se trata? Ele foi registrado durante o século XVI e é o nome genérico dado a um conjunto de textos que destacavam o país no período do Achamento do Brasil pelas Grandes Navegações, como uma nova terra a ser conquistada. As duas manifestações literárias do período são a literatura informativa e a literatura jesuíta.

A primeira tem um caráter mais informativo e histórico sobre o país; e a segunda, escrita por jesuítas, reúne aspectos pedagógicos. A obra de maior destaque é a Carta de Pero Vaz de Caminha. Escrito na Bahia em 1500, o escrivão-chefe das tropas de Pedro Álvares Cabral descreve suas impressões sobre a nova terra do rei de Portugal. Vamos falar sobre as características, obras e autores do Quinhentismo e, se você ficar com dúvidas, é só deixar aí nos comentários.

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O que foi o Movimento Quinhentista?

Trata-se de um movimento literário e cultural que ocorreu no Brasil durante o século XVI, também conhecido como período do Brasil Colônia. Este movimento literário foi caracterizado principalmente pela produção de obras de caráter histórico, descritivo e informativo, que buscavam relatar as primeiras impressões dos europeus sobre a nova terra que haviam descoberto.

O Quinhentismo foi marcado pela chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, liderados por Pedro Álvares Cabral. A partir daí, os primeiros contatos com os povos indígenas, a fauna, a flora e o clima da nova terra passaram a ser registrados pelos cronistas portugueses em forma de cartas, diários e relatos.

Os principais autores do Quinhentismo são Pero Vaz de Caminha, autor da célebre “Carta a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil”, e outros escritores como Fernão Cardim, Gabriel Soares de Sousa e Jean de Léry, que produziram obras com enfoque na descrição da natureza, dos povos nativos e dos costumes brasileiros.

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Como se originou?

No início do século XVI, o rei de Portugal, Dom Manuel I, estava interessado em expandir a influência portuguesa no mundo e descobrir novas rotas comerciais. Por isso, incentivou as expedições marítimas e a exploração de novas terras. Foi assim que, em 1500, a frota comandada por Pedro Álvares Cabral chegou ao litoral do atual estado da Bahia, no Brasil.

A princípio, os portugueses não demonstraram grande interesse pela nova terra, uma vez que não encontraram indícios imediatos de riquezas, como ouro ou pedras preciosas. No entanto, a exploração do território e o contato com os povos nativos levaram os europeus a perceber a diversidade e a riqueza da fauna, da flora e das culturas presentes no Brasil.

Os primeiros registros sobre a nova terra foram feitos pelos cronistas portugueses, que escreviam cartas, diários e relatos sobre as suas experiências e descobertas. Esses escritos, que apresentavam descrições detalhadas da natureza, da geografia, dos povos nativos e dos seus costumes, foram considerados as primeiras manifestações literárias do Brasil.

Dentre os principais autores do Quinhentismo, destaca-se Pero Vaz de Caminha, que escreveu a “Carta a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil”, considerada a obra inaugural do movimento. Nessa carta, Caminha relata suas impressões sobre a nova terra, descrevendo a natureza, a fauna e os povos nativos com grande riqueza de detalhes.

Esses escritos foram importantes não apenas para registrar informações sobre a nova terra, mas também para a construção da imagem do Brasil na Europa e para o estabelecimento de uma identidade nacional por parte dos próprios portugueses. Com o passar do tempo, esses registros descritivos foram se tornando cada vez mais sofisticados e estilizados, incluindo elementos como a utilização de recursos literários, a valorização da língua portuguesa e a incorporação de aspectos da cultura local.

O Quinhentismo se consolidou como um movimento literário a partir da reunião desses escritos em uma produção literária coletiva que buscava criar uma identidade literária brasileira a partir de um olhar estrangeiro sobre a nova terra. Dessa forma, o Quinhentismo ajudou a formar a base da literatura brasileira e influenciou as gerações posteriores de escritores e intelectuais.

Principais Obras Quinhentistas

Durante o Quinhentismo, a produção literária no Brasil era formada principalmente por relatos e crônicas escritos pelos cronistas portugueses que aqui estiveram. Alguns desses relatos foram considerados obras importantes e relevantes para o período, como a “Carta a El-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil”, escrita por Pero Vaz de Caminha, que é um documento histórico e relata com detalhes a chegada dos portugueses ao Brasil.

Outra obra importante é o “Tratado Descritivo do Brasil”, escrito por Gabriel Soares de Sousa, que apresenta informações detalhadas sobre a natureza, a fauna, a flora e as populações indígenas do Brasil.

Além dessas obras, outros textos importantes do Quinhentismo incluem a obra “Diálogos das Grandezas do Brasil”, de Pero de Magalhães Gândavo, que explora a natureza e as riquezas da colônia, e a “História da Província Santa Cruz”, escrita por Fernão Cardim, que descreve a paisagem e a cultura indígena da região de São Vicente. Tais obras literárias formaram a base da literatura brasileira e influenciaram as gerações posteriores de escritores e intelectuais.

Literatura de Informação

A Literatura de Informação, também conhecida como Literatura Informativa, é um movimento literário que se desenvolveu no Brasil. Esse movimento teve como principal objetivo informar o leitor sobre as características da sociedade brasileira, abordando temas como a economia, a geografia, a política e a cultura.

Essas obras apresentam uma linguagem simples e direta, com o objetivo de tornar o conhecimento acessível ao leitor comum. A Literatura de Informação foi importante para o processo de construção da identidade nacional brasileira, já que contribuiu para a difusão de informações sobre a sociedade e a cultura do país.

Principais obras Quinhentistas

As obras quinhentistas, por serem mais relatos informativos, são muitos e alguns estão perdidos, mas os mais importantes são:

Literatura de Catequese

A Literatura de Catequese do Quinhentismo é uma corrente literária que se desenvolveu no Brasil e teve como principal objetivo difundir a religião católica entre os povos indígenas que habitavam a colônia portuguesa. Essa literatura surgiu a partir da chegada dos jesuítas ao Brasil, que além de catequizar os índios, também se dedicaram a produzir textos com conteúdo religioso para esse público.

Entre as principais obras da Literatura de Catequese do Quinhentismo, podemos citar “Catecismo da Doutrina Cristã”, escrito por José de Anchieta, que apresenta os princípios básicos da doutrina católica de maneira acessível aos povos indígenas, “Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil”, também de autoria de Anchieta, que ensinava a língua portuguesa aos nativos, e “Confissões”, de Pero Rodrigues, que apresentava um guia para a confissão dos pecados.

Essas obras apresentavam uma linguagem simples e didática, com o objetivo de facilitar o entendimento dos conceitos religiosos aos indígenas, muitos dos quais não falavam a língua portuguesa. Além disso, a Literatura de Catequese do Quinhentismo teve um papel importante na preservação das línguas indígenas, já que muitas dessas obras foram escritas em tupi-guarani e outras línguas nativas, e contribuiu para a formação da cultura brasileira, já que introduziu elementos da religião católica na cultura indígena e serviu de base para o surgimento de novas correntes literárias e artísticas no país.

Principais autores Catequistas

Entre os principais autores quinhentistas estão:

Manuel da Nóbrega (1517-1570)

Manuel da Nóbrega foi um dos principais líderes religiosos e políticos da Companhia de Jesus no Brasil durante o período do Quinhentismo. Ele nasceu em Portugal em 1517 e, aos 25 anos, ingressou na Ordem dos Jesuítas. Em 1549, Nóbrega foi enviado para o Brasil, junto com Tomé de Sousa, para fundar a cidade de Salvador e estabelecer a presença da Igreja Católica na colônia.

Como escritor, Nóbrega deixou diversas obras importantes, como “Diálogos das Grandezas do Brasil”, que apresenta uma visão positiva da terra brasileira e incentiva a colonização do país, “Tratado da Terra e Gente do Brasil”, que descreve as características geográficas e culturais do Brasil e apresenta uma visão crítica dos costumes indígenas, e “Catecismo na Língua Brasílica”, que apresenta os princípios básicos da doutrina católica em tupi-guarani, tentando acabar com alguns hábitos e costumes dos índios:

"Diz que quer ser cristão e não comer carne humana, nem ter mais de uma mulher e outras coisas: somente que há de ir à guerra e os que cativar vendê-los e servir-se deles, porque estes desta terra sempre tem guerra com outros e assim andam todos em discórdia. Comem-se uns aos outros, digo os contrários. É gente que nenhum conhecimento tem de Deus, nem ídolos, fazem tudo quanto lhe dizem."

Nóbrega foi um dos principais responsáveis pela catequese dos povos indígenas, tendo fundado diversas aldeias e convertido muitos índios ao catolicismo. Além disso, ele também foi um importante líder político, tendo participado da criação do Governo-Geral, que unificou as capitanias brasileiras sob o comando de Tomé de Sousa.

Fernão Cardim (1549-1625)

Nascido em Portugal em 1549 e ingressou na Ordem dos Jesuítas aos 21 anos de idade. Em 1583, ele foi enviado para o Brasil como missionário, onde passou a maior parte da sua vida. Cardim foi um dos principais defensores da catequese dos povos indígenas, tendo fundado diversas aldeias e convertido muitos índios ao catolicismo.

Ele também se dedicou ao estudo das línguas indígenas, escrevendo diversas obras em tupi-guarani e outras línguas nativas. Além disso, Cardim também se dedicou à produção literária, deixando obras importantes para a história da literatura brasileira.

Uma das principais obras de Fernão Cardim é “Tratados da Terra e da Gente do Brasil”, publicado em 1625, que descreve as características geográficas e culturais do Brasil e apresenta uma visão crítica dos costumes indígenas. Nessa obra, Cardim apresenta um retrato detalhado da vida dos índios brasileiros, descrevendo seus costumes, crenças e modos de vida.

Ele também faz críticas aos colonos portugueses e à exploração dos índios, defendendo a necessidade de uma colonização mais justa e humanitária. Fernão Cardim faleceu em 1625, aos 76 anos de idade, deixando um legado importante para a história da literatura e da cultura brasileira.

José de Anchieta (1534-1597)

José de Anchieta foi um importante escritor, poeta e jesuíta espanhol que viveu no Brasil durante o período do Quinhentismo. Ele nasceu nas Ilhas Canárias, em 1534, e ingressou na Ordem dos Jesuítas aos 17 anos de idade. Em 1553, Anchieta foi enviado para o Brasil como missionário, onde passou a maior parte da sua vida.

Jesuíta espanhol que viveu no Brasil no período do Quinhentismo. Ele foi um dos fundadores da cidade de São Paulo e dedicou-se à catequese dos índios, além de produzir obras literárias importantes para a história da literatura brasileira. Uma das suas principais obras é “De Gestis Mendi de Saa”, uma peça de teatro que retrata a história da colonização do Brasil pelos portugueses.

Ele também é autor de poesias e hinos religiosos, e deixou importantes registros sobre as línguas indígenas brasileiras. Anchieta é considerado um dos maiores representantes do período do Quinhentismo e um dos fundadores da literatura brasileira. Ele faleceu em 1597, aos 63 anos de idade.

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